quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Obscurantismo, mentiras e desrespeito

Texto de Serena Roberta Souza Borges - Recife (PE)
Publicado no HUMANITAS edição 00 – Agosto de 2012

Em que lugar o tempo estacionou? Em qual lugar as estrelas pararam no céu? Em que ponto do mundo o sol jamais leva iluminação às mentes? Em que lugar existe mais disparate no mundo? Em que lugar habita o maior horror à ciência? Em que lugar existe o máximo de pompa e de riqueza e ainda se prega a humildade e a pobreza para os outros?
Quem responder que é no Estado do Vaticano está absolutamente certo! Neste espaço de 44 hectares existente no centro de Roma existe tudo isso. Nele mora um homem que se diz administrador de almas e das vidas humanas, que se veste todo em seda pura e é seguido por um séquito de togados em vermelho. E que diz ser o representante de um deus inexistente.
Este homem permite e ordena que esses togados e seus asseclas padres, frades, madres e outros, mintam descaradamente de seus púlpitos ao afirmarem que o uso de preservativo ajuda a disseminar a AIDS. Um homem que não tem o hábito (tem?) de saber o que significa vida sexual, assume o direito de pregar moral sexual para o mundo. Será que se deve permitir que uma pessoa desse tipo se arrogue o direito de se opor à interrupção de uma gravidez em uma menina de 12 anos que foi estuprada por um tarado? Será que se pode permitir que um homem desse tipo e seus asseclas rosnem ameaças contra o planejamento familiar?
O obscurantismo domina nesse espaço de 44 hectares que se estende ainda para todo o mundo dito civilizado. Nesse espaço todos os administradores da tão sagrada religião apoiaram ditadores e ordenaram a morte de milhões de pessoas em nome de uma cruz.
Nele, os bispos fascistas e antissemitas foram apoiados, reintegrados em suas funções, e, hoje, esse administrador religioso continua a esconder desvios sexuais e de conduta de seus homens togados de vermelho e dos outros togados de negro.
Este homem que se veste com seda e que senta-se em um trono de ouro, desrespeita as crianças molestadas pelos seus asseclas e, apoiado na sua doutrina do Opus Dei, ainda desenvolve famigerada campanha contra a modernidade, a democracia, e a liberdade, ao querer manter de qualquer forma suas mentiras e seu implacável conservadorismo nas mentes dos homens.
As sotainas estão sendo atingidas por escândalos em todos os quadrantes do mundo e este homem oculta os crimes dos seus acólitos pedófilos de país em país, ainda que saiba que eles vão continuar a molestar as nossas crianças. Quem deve acreditar nesse homem cuja juventude foi no seio do nazismo? E que, agora, na velhice, diz representar um deus poderoso, onisciente e bom, mas que não age?
E os humanos do planeta Terra, humildes e simples, vítimas de uma mais que milenar lavagem cerebral, onde o medo da morte e do inferno são as principais armas, continuam sendo confundidos. Agarram-se a um deus obsoleto. Confundem homossexualidade com pedofilia. Ninguém aprendeu, ainda, que a ciência a cada dia mostra como as coisas acontecem no mundo e ao redor do mundo e até mesmo nos mais longínquos rincões do universo. Sem a atuação de nenhum ser onipotente.

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