terça-feira, 29 de abril de 2014

EDITORIAL - CARTAS - ARTIGO DE ANTONIO CARLOS GOMES E EXPEDIENTE

Textos publicados na página 2 do 
HUMANITAS nº 22 - Maio/2014
 EDITORIAL

O Homus Primitivus

Não há como deixar de observar na evolução do Universo que existe certo equilíbrio entre as diversas dimensões que o compõem. Incluindo nisso a evolução que ocorre no planeta Terra, a qual se manifesta através de grandes e demorados processos. A natureza terrestre, através de suas manifestações físicas, apresenta ao homem processos com muitos e especiais graus matemáticos, físicos, biológicos e químicos, os quais vêm de priscas eras geológicas. Dentro desse procedimento, o animal homem continua a evoluir, ainda que sua evolução ataque e atinja erradamente os processos de expansão do planeta.
O universo não para de se expandir. Essa é a verdade única. Mas o homem prende-se à ideia de que a criação e a evolução de sua espécie são responsabilidades de um deus. É nesse ponto que as maravilhas apresentadas pela natureza aos olhos humanos são esquecidas como parte e reino naturais para serem admiradas como obra de um criador, o qual é muito excêntrico, pois ninguém sabe quem ele é, como é, e o que pretende.
Isso é lamentável!. Numa época onde a ciência devia estar tão evoluída que o homem pudesse fugir dos conceitos fantasiosos de deus, santos, diabos e trindades divinas, cada vez mais a raça regride e se entrega, comodamente, às superstições milenares. Assim fica fácil aceitar as incertezas e as crueldades e até mesmo as tragédias.
Na sua ignorância tribal o homem diz que se um avião caiu no mar e todos seus ocupantes morreram, foi porque um deus assim o quis e nada podemos fazer contra o poder de tal deus. Ou, ainda, se existe fome no mundo essa é uma provação para que o homem aceite o filho de tal deus como a divindade verdadeira e única e acredite que após a morte não mais haverá fome, nem guerras, nem desastres aéreos. Acredite, morra e salve-se.
O que significa tal pensamento? Primitivismo! Nenhum deus que seja criador pode se dá ao luxo de destruir sua própria criação apenas para ser aceito por ela. Mas a mentalidade humana, insuflada pelos poderosos da religião, não aceita a verdade cruel de que um deus desse tipo é que é a fatalidade mesma da crença.
Portanto, o homem deixa de construir um mundo com uma dimensão de qualidade humanitária, porque existe um deus para ele acreditar. E deixa de construir um mundo onde todos possam viver, progredir e realizar tudo que desejar, porque um deus não aceita essa forma de ser e de viver libertos dele. Assim, o homem abandona suas prerrogativas de transformar para melhor o mundo que o cerca para não magoar seu deus, que nada mais é do que sua própria fantasia interior de vida eterna.
E dedica-se a destruir tudo que a natureza cria e recria por acreditar que tal deus é dono dessa criação, esquecendo que a natureza evolui de segundo em segundo, de minuto em minuto, de hora em hora, e que tal criador é a maior das mentiras inventadas pelo próprio ser humano para usurpar a ideia de expansão das dimensões universais, que há mais de bilhões de anos vem acontecendo em todo o infinito tanto dentro e fora do planeta Terra, do sistema solar e dos milhares de galáxias.
**********
Cartas dos Leitores 

Apesar de respeitar o jornalista Lungaretti e ler seus textos, só faço uma discordância em relação ao fato de Jango ser "bobalhão" tal como ele publicou no jornal Humanitas do mês passado. Muitas pesquisas feitas por historiadores e muitos documentos que estão vindo à tona dão uma visão um pouco menos enfática, tanto do recuo de Goulart, quanto da atitude heroica de Brizola. Eu mesma realizei entrevistas que reforçaram a dificuldade de uma reação imediata, além de se considerar que um processo de tomada de decisão envolve uma série de elementos nem sempre publicizados. Jacqueline Ventapane – Rio de Janeiro/RJ 
********** 
Eu não creio que BOBALHÃO seja uma forma de definir uma pessoa como Jango (Humanitas do mês de abril de 2014, texto do jornalista Celso Lungaretti). Se houvesse uma luta armada, além de sermos derrotados e subjugados, muita gente morreria e não dá pra prever a desgraça, e que seria pior do que foi. Tânia Orsi Vargas – Taquara/RS 
********** 
Um ser do acaso
Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP 

Um planeta vivo envolto de uma estranha energia que o movimenta, um pequeno planeta periférico de uma imensidão desconhecida e ignorada. Esta é a cena inicial de tudo que compõe esta esfera ovalada a que chamamos Terra. De uma ínfima junção de energia, com colaboração de dois seres nasceu uma massa disforme, confusa que se multiplicou como possibilidade de ser. Neste acaso que não sei se consentido mutuamente, ou fruto de agressão unilateral descobri-me ser.
De inicio não sabia o que era: apenas via uma massa que se desprendia de mim e já tinha forma definida de tamanho gigante para as parcas sensações que possuía. Conforme me conformava à massa se desprendia e formava fronteiras e o que era um anexo de minha massa criava atividade própria diferente da inexistente atividade que eu possuía.
Parte de mim me submetia e ao mesmo tempo me mantinha vivo. Para viver dependia do que perdi e a parte destacada exigia que eu a amasse e obedecesse para eu continuasse a existir. Sem saída amei e odiei esta parte destacada que me dava o liquido branco chamado leite: Ora sugando-o avidamente, ora mordendo raivoso sentindo a perda de minha integridade total.
A quebra deste todo que imaginava: eu fruto de uma insignificante descarga da energia do planeta, mas que a meu ver fazia-me único; tinha que cindir meu solipsismo em dois, naquele que eu sentia e no outro que se desprendia, mas ao mesmo tempo me cuidava e mantinha-me vivo.
Estava eu no mundo num estranho contrato: Ceder parte de minha onipotência a troco de continuar a existir. Um contrato unilateral sem avalista que me faria pertencente a uma espécie por onde iniciava meu reconhecimento e descobria que não era planta nem, outro animal: apenas um animal humano, pertencente a uma espécie com história e regras próprias.
Estranha relação de espelhos com contrato particular, amar e odiar o que julgava ser eu mesmo, na missão impossível de auto apaixonamento. O espelho em que me via aos poucos me fazia parte do que já era e não sabia. Aprendi que tinha um corpo ao olhar minhas extremidades arredondadas; que por meio de grunhidos chamados choro, podia ficar confortável e alimentado e, da mesma maneira repudiar o que sentia como agressão e estranho, um duplo de eu mesmo com uma parte destacada ensinando-me a ser humano.
Ali comecei a me conhecer e identificar diferente do outro que me espelhava.
Um terceiro apareceu, não era eu nem minha parte. Uma agressão que mudava o contrato ampliando obrigações e retornando obediência.  Descobri que tinham outro e outros que me cercavam e ali estava um núcleo onde eu era apenas uma majestade manipulada e obediente. Assim virei gente.
Descobri que meu duplo era a parte social que teria que aprender e o terceiro e estranho elemento ditaria as regras que seria obrigado a aprender. Sem opção neste contrato imposto por imagens teria que achar uma identidade que justificasse o nome ao qual fui apelidado como expectativa da esperança do grupo.
**********

EXPEDIENTE

HUMANITAS – ANO II - Nº 22

ISSN 2316-1167

Este jornal é mensal e gratuito

Tiragem 1.000 exemplares



Editor Geral: Rafael Rocha

 Jornalista - Reg. DRT/PE 1160

Editor Adjunto: Genésio Linhares

Jornalista – Reg. DRT/PE 1739



Colaboradores no Brasil: Valdeci Ferraz; Araken Galvão; Francisco de Assis Coelho, Antônio Carlos Gomes; Aline Cerqueira; Manfred Grellmann; Karline da Costa Batista; Ana Maria Leandro; Celso Lungaretti; Ricardo Tiné; Rod Britto; Silvia Mota; Jorge Oliveira de Almeida; Ivo S. G. Reis; Divina de Jesus Scarpim.

Colaboradores em Portugal: Marisa Soveral; Paula Duarte.



Cartas à Redação enviar para:


Editoração e Revisão: Rafael Rocha



As fotos inseridas nesta edição são de domínio público e foram extraídas da internet.

As opiniões veiculadas nesta publicação são da inteira responsabilidade de seus autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário