quarta-feira, 30 de abril de 2014

REFÚGIO POÉTICO

Poemas publicados no HUMANITAS nº 22 - Maio 2014
Amiga
Rafael Rocha – Recife, 16/04/2014

Amiga! A carência de amar tem mil sabores
Quentes e frios! Salgados e amargos!
Amiga! A solidão é um manto de mil cores
Estrelas e cometas brilhando em céus largos.

Sinta na pele a solidão e a carência.
O prazer do não amor é algo inquietante.
Precisas (na verdade) curtir a paciência
Para alcançar o horizonte tão distante.

Amiga! Eu sei o quanto o teu corpo necessita
Do sal de outro corpo entre os teus lençóis.
Eu sei o quanto a tua carne humana grita
Por um gozar maciço em milhões de sóis.

Tenha ciência do sentimento a dar-te fome
No ventre úmido e na boca onde persistes
A gritar em pesadelos aquele antigo nome
Do amante que deixou teus olhos assim tristes.
 ******
Tua solidão
Antonio Carlos Gomes – Guarujá/SP

Quando vejo tua solidão,
Menina.
Tua vontade de chorar...
As pupilas pequeninas
Buscando avidamente
Amar...
Meu interno
Nubla condoído
Por se identificar.
Mas projeto
Vejo externo
O que tenho contraído
Faço um verso
Sigo a vida
Tento ser distraído
Para não chorar.
 ******
Desfecho
Karline Batista – Aracati/CE

Poderia tentar esquecer-te
Assim que aprender a arrancar o coração
E jogá-lo na curva de uma onda morta
Que o levasse para a imensidão

Aturdindo meus pensamentos
Rabiscando com a razão
Te faria versos novos
Como alento da solidão

E lançar nos últimos raios
As palavras jamais ditas
Pendurando em algum astro
O desfecho de minha desdita
 ******
Cinzas
Genésio Linhares – Recife/PE

Cinzas de silêncio e solidão
Embaçam a janela da minh’alma
Turvando do mundo sua visão
Caminho lento por sua estrada

Cenário desolador do não
Folhas secas, sem rios, gado morto
Tardes esmaecidas sem canção
Cinzas, cinzas exilam minh’alma

O nada impera e dita sua lei
Não há horizontes a sonhar
Só brumas de cinzas encontrei

Consome-se o dia em outro dia
Partiu a vida sem me beijar
Soçobrou cinzas nesta vil grei.
 ******
Amor solitário
Valdeci Ferraz – Caruaru/PE

Minha mão flutua sobre teu corpo
Como um passarinho a procura de repouso.
Meus lábios anseiam os teus
Assim como a flor anseia a carícia do vento.

A escuridão presa no quarto
Ameaça romper as paredes
Para alongar a noite.

Tremores – o sangue
Gemidos – a alma

Mas teu corpo indiferente
Enrijecido pelo sono
Esmaga sobre os lençóis
Meus anseios de homem.

E eis que as paredes se rompem
E me vejo perdido no meio de uma noite
Que parece nunca acabar.
******
“Fácil é dizer "oi", ou "como vai ?".  Difícil é dizer "adeus"...  Fácil é abraçar, apertar a mão. Difícil é sentir a energia que é transmitida... Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente só...” Carlos Drummond de Andrade
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“Respirei fundo e escutei o velho e orgulhoso som do meu coração. Eu sou, eu sou, eu sou.” Sylvia Plath



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