segunda-feira, 2 de outubro de 2017

HUMANITAS Nº 64 – OUTUBRO DE 2017 – PÁGINA 4

Cem anos de uma Revolução – 1917/2017 – (I)
Especial do Humanitas

Neste mês de outubro de 2017 a História marca os 100 anos da Revolução Russa, um dos principais eventos históricos do Século XX que mudou a face política do mundo.
As causas para essa Revolução que se autodenominou socialista são muitas. No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada na produção de gêneros agrícolas. Porém, devemos ir mais longe no tempo para entender os principais motivos que ocasionaram essa revolução.
No início do Século XX, uma grande quantidade de terras ainda pertencia à nobreza russa e isso proporcionaria, em 1917, uma das principais reivindicações da Revolução: a distribuição de terras.
A industrialização realizada no século XIX tinha um componente ligado à grande quantidade de capitais estrangeiros investida na construção de indústrias em algumas regiões ocidentais da Rússia.
Nesses locais, como São Petersburgo e Moscou, formou-se uma numerosa classe operária originária do campesinato. A concentração operária nessas indústrias superava a existente nas mais desenvolvidas economias do ocidente europeu.
Essas alterações sociais e econômicas geraram contradições com a estrutura autoritária da autocracia czarista. A guerra russo-japonesa de 1905 foi o estopim do que se convencionou chamar de ensaio revolucionário de 1917.
As consequências da guerra russo-japonesa foram sentidas pelos camponeses, que forneciam os soldados para o exército russo. A morte de muitos deles na guerra, a fome e o frio daquele ano levaram a população de São Petersburgo a pedir medidas justas ao czar.
No dia 22 de janeiro de 1905 uma multidão se dirigiu ao Palácio de Inverno, em São Petersburgo, sendo recebida a tiros pelas tropas imperiais, dando início à Revolução de 1905.
A principal característica dessa revolução foi a criação de um conselho de delegados dos trabalhadores de São Petersburgo.
Essa forma de auto-organização dos operários russos ficou conhecida na história como soviete”, que em russo significa conselho”.
Nessa época, alguns partidos políticos começaram a nascer. Eles se desenvolviam junto às classes exploradas, como o dos socialistas-revolucionários, ligados aos camponeses, e o Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que se dividia em duas frações principais, os mencheviques e os bolcheviques.
O czar conseguiu conter o processo revolucionário no começo do ano de 1906, criando um parlamento chamado Duma, apontando para o início de uma liberdade política nos moldes de uma monarquia constitucional.
Mas essa liberdade política nunca se tornou realidade.
Então aconteceu a Primeira Guerra Mundial. O Império Russo era um dos principais interessados nessa guerra iniciada em 1914. Mas o exército do czar não foi páreo para as forças militares alemãs. Um dos resultados foi a deserção em massa de soldados da linha de frente e a intensificação da fome entre a população que se mantinha em território russo.
Nos dias finais de fevereiro de 1917, uma manifestação pelo Dia Internacional da Mulher, em São Petersburgo, transformou-se em um evento contra a fome vivenciada pela população que conseguiu o apoio dos soldados insatisfeitos com a guerra.
Em 27 de fevereiro, soldados e trabalhadores conseguiram a renúncia do czar e a formação de um Governo Provisório. Ao mesmo tempo, os operários e soldados constituíram novamente os sovietes”.
Após março de 1917, os patrões começaram a abandonar as fábricas. Os operários, para não perderem os empregos, ocuparam as instalações das empresas e organizaram comitês de trabalhadores responsáveis pelo controle da produção.

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