segunda-feira, 2 de outubro de 2017

HUMANITAS Nº 64 – OUTUBRO DE 2017 – PÁGINA 6

Ensino de História: um grande trunfo para a reflexão social
Aline Cerqueira é mestre em História e articulista deste Humanitas. Atua em Salvador/BA

Os desdobramentos do oficio de historiador no trabalho do professor em sala de aula, requer a preocupação com a problematização dos temas e a visão critica da sociedade, situando-as no tempo e espaço.
O conhecimento é um processo que exige um exercício reflexivo e crítico. É necessário que alunos e professores sejam sujeitos históricos e construtores do seu próprio conhecimento, visando à consecução de uma sociedade critica e reflexiva.
A partir desse argumento é que se faz importante à elaboração de uma postura que visa o bem comum, criando uma identidade social participativa, visto que compreendemos que a sociedade brasileira precisa ser participante do processo de defesa dos direitos sociais.
O ensino de História é uma prática social complexa, cheia de valores e mudanças humanas, sendo preciso a problematização dos conteúdos, partindo de uma formação reflexiva.
A partir daí observa-se o quanto o conhecimento histórico proporciona uma visão de como foi construído o Brasil, sem uma visão romântica da elite.
Quais os fatores que influenciaram para que pudéssemos ter uma sociedade dividida em classes? Por que os brancos e ricos conseguem concentrar entre eles a renda do Brasil?
Assim, percebe-se a desigualdade social que exclui e impossibilita uma política participativa e coerente.
A relação do ensino de História com a visão que se tem de uma sociedade é imprescindível. Torna-se uma prática dinâmica e reflexiva e nos possibilita percorrer um espaço ainda pouco explorado. A visão histórica do Brasil torna-se uma prática legal para o desenvolvimento reflexivo da sociedade do século XXI. Diante disso, a troca de experiências e a reflexão crítica no ensino de História são enriquecedoras.
Os conceitos acerca do papel do professor como contribuinte à formação crítica do sujeito são imprescindíveis para o desenvolvimento de indivíduos que não aceitam ser massa de manobra.
É indispensável reconhecer a importância da posição política dos alunos como pessoas capazes de analisar e criticar. Seus conhecimentos adquiridos se revelam significativos para realização da proposta de uma sociedade mais participativa.
A interação ensino/aprendizagem nos fornece subsídios capazes de apreciar a produção do saber em diferentes ambientes sociais, sendo ele escolar ou não. A partir desse principio se constroem vínculos permanentes que expressam de maneira exemplar a importância das relações em sociedade. Isso é algo preponderante no nosso crescimento como indivíduos e cidadãos participativos. O processo de aprendizado histórico precisa ser inclusivo no espaço escolar, sendo que as análises sociais tornam-se importantes para uma transformação social.
As discussões realizadas na sala de aula implicam em um movimento de relação recíproca entre os formadores de opiniões.
O sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido num dado contexto sócio-histórico tem que partir de uma análise reflexiva.
Isso leva a estratégias metodológicas que forneçam articulações entre experiência, vivência, interesses, valores e expectativas diferenciadas, daí a importância do diálogo dos alunos com a temática abordada, sob a mediação do professor.
A experiência do ensino de História e a aprendizagem de um determinado contexto é um processo pelo qual uma nova informação se relaciona com um aspecto do cotidiano do indivíduo.
Tem que haver a necessidade da incorporação de diferentes fontes e linguagens do ensino de História, para que esses instrumentos possam facilitar no “processo de transmissão e produção do conhecimento interdisciplinar, dinâmico e flexível”.
Logo, as linguagens auxiliam na produção e/ou difusão dos saberes históricos adquiridos através das experiências individuais e coletivas dos indivíduos pertencentes à sociedade.
O professor precisa ficar aberto a situações inesperadas, em que o planejamento seja flexível, partindo das discussões na sala de aula. A construção de um pensamento crítico por parte dos alunos ratifica que toda ação docente é sujeita a mudanças, composta essencialmente da investigação e reflexão da prática.
É com essa concepção que pensamos a docência com um espírito autônomo e cheio de esperança, uma educação participativa comprometida com a transformação social.

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