sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

HUMANITAS Nº 66 – DEZEMBRO DE 2017 – PÁGINA 7



Um outro olhar para avanços políticos em 2018
Ana Leandro - colaboradora do Humanitas - é escritora e jornalista. Atua em Belo Horizonte/MG

Vamos tomar um rumo numa direção mais empírica e cidadã para que este não se torne um artigo de linguagem muito tecnicista e cheia de dados fartamente divulgados na mídia, com farto uso de expressões e jargões já intensamente repetidos.
Comecemos por algo bem conhecido, ou pelo menos assim pensamos: Nós!
Será que nos conhecemos mesmo? E se nos conhecemos porque será que nos enganamos tanto, mesmo em relação a nós mesmos?!
Sim, eu sei que acertamos muito: somos honestos, estudamos o quanto pudemos; e cumprimos com nossas obrigações. Apenas às vezes não temos sorte, por causa de “outras pessoas”. Ah! A culpa é do outro!
Um momento: “nós também somos o outro; do outro!”
Falhamos inúmeras vezes na forma de relacionamento com o próximo.
 Erramos em relações familiares, tomando atitudes agressivas no âmbito emocional ou físico, que deixam às vezes marcas indeléveis.
A vida é irredutivelmente um “bumerangue”. O que atiramos nos retorna, de algum modo. É a Escola da Vida...
Começamos essa conversa olhando-nos com coragem e de frente para nós mesmos.
Isto não é um julgamento, portanto não se sinta apontado.
Leia em silêncio e de si para si.
A partir do momento que o comando de sua vida é seu, ‘só você” poderá resolver sobre o caminho que essa vida seguirá.
Mesmo que lhe doa promover mudanças interiores.  
Essa de dizer simplesmente que a culpa “é de todos” é uma boa desculpa para não nos referirmos aos nossos próprios erros.
Imagine, pois, as consequências de erros coletivos.
Estamos sempre a nos horrorizar com o crescente abandono de crianças nas ruas; evasão da educação; excesso de criminalidade; assassinatos individuais e em escala crescente até coletivos.
Aqui chegamos à questão do “olhar para uma nova política para 2018.
Mas se falamos em coletivo, falamos em “povo”.
E se falamos em “povo” decidimos juntos como será a nossa nação!
E novamente caímos na culpa do outro: “os candidatos nos enganam, mentem para a gente. Eles se organizam em quadrilhas para nos enganar. Qualquer um que se eleger vai roubar! O sistema permite”...
Ah! Enfim chegamos a outro “motivo”!
O problema é dos “sistemas”. Pelo menos já temos outro “pivô”.
Então afirmamos: “os sistemas não mudam porque as pessoas que estão no poder não querem perder esse poder”!
De fato, ficam lá às vezes décadas, cometendo os mesmos erros. Mas quem colocou essas pessoas lá?...
Nós”...
Aliás, já se disse que o ser humano é o único animal que tropeça mais de uma vez na mesma pedra. Talvez os ditos “animais irracionais” tenham lido melhor o poema do imortal Carlos Drummond: “havia uma pedra no caminho”.
Pois é: existem pedras no caminho e elas continuarão lá.
Mas os ditos ”animais irracionais” nelas não tropeçaram mais.
Como nos diz o professor Ernani F. Leandro é preciso ”fazer de cada pessoa alguém comprometido com o cuidado da criação que alerte a todos para que o futuro do planeta  seja assumido” e isto consta de uma das recomendações da Campanha da Fraternidade 2017  - Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida
Tivemos ao longo do ano de 2017 movimentos sociais que assumiram essa recomendação como meta.
O êxito alcançado nos anima a termos um olhar para avanços, no ano de 2018, tais como alavancar a política de Segurança Alimentar e Nutricional com suporte no indivíduo e na coletividade, “utilizando conhecimentos adquiridos, habilidades e competências   voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sua qualidade de vida e sua sustentabilidade" (definição de Educação ambiental constante da Política Nacional de Educação Ambiental. Lei Federal nº 9.795/1999).
Num aspecto generalista, podemos dizer que a nação mais errou do que acertou. Mas precisamos admitir, que diante de tantos erros absurdos mantidos por séculos, os acertos perderam projeção. Mas precisamos “nos unir” ao “outro”, à comunidade, e conversar sobre a responsabilidade deste conjunto de olhar para 2018.
Conversar não é se colocar “dono da verdade”, perdendo-se em defesas ou ataques descontrolados.
Saber expor um ponto de vista com sabedoria é admitir que o mesmo seja colocado numa avaliação própria e coletiva.
Enfim, precisamos entender que abrir mão de lutar pelo planejamento e exercício de uma ampla e total mudança no quadro político brasileiro é simplesmente perder a noção de que somos “operadores” e não “espectadores” da reconstrução nacional.

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